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Preciso de um resumo desse Livro

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Thalia Arruda

Amin Maalouf é minha referência toda vez que penso em questões de memória e identidade, um assunto que me fascina há anos. Com ele aprendi que o desenvolvimento da memória familiar é um importante passo para pessoas que perderam pátria, família, pontos de referência cultural. A memória coletiva acaba fornecendo eixo sólido para identidade. Há muito, a comunidade judaica conhece e pratica a lembrança do passado por maneira oral ou literária, como meio de fidelidade cultural. Enraizado nessa tradição, Luís Sérgio Krausz nos premia com uma deliciosa memória de adolescência e amadurecimento, no livro Deserto, seu segundo, onde acompanhamos o relato de um rapazinho de dezesseis anos que saiu do Brasil na década de 1970, para a experiência de viver temporariamente numa escola agrícola em Kfar Silver, uma aldeia de jovens, fundada em 1957, pelo educador Aryeh Kotzer. Essas memórias começam com o nosso adolescente prestes a desfrutar de uma aventura ainda mais excitante, do que a estadia em Israel: uma viagem à Inglaterra, com um gostinho de transgressão.

Israel é um país de vinte e poucos anos quando nosso herói o visita. Sua estadia, seis semanas ajudando na colheita de grapefruit, contava também com aprendizado sobre a história do país, mas vinha com ressalva da instituição organizadora: nenhuma viagem à Europa deveria ser feita por qualquer participante, na semana livre, a última, antes do retorno ao Brasil. No entanto, os próprios familiares do nosso adolescente, vindos de uma família que abraçara o judaísmo reformista, mais liberal, organizara a desobediência do jovem, providenciando uma visita a Londres, onde conheceria membros distantes da família, com quem iria se alojar; teria uma visão cidade e da vida europeia; e trataria de encomendas feitas pela família para trazer de volta a São Paulo.

É cativante a aventura do nosso jovem, rapaz observador, curioso e sonhador. Acho que me encantei com ele assim que descobri sua preocupação com a bolsinha de crochê, feita pela avó, presa com alfinetes à cueca, onde guarda cuidadosamente dinheiro, passaporte e passagens. Adolescente típico, de família cuidadosa e unida, rememora a aventura britânica em detalhe, notando bibelôs, verificando o gosto musical, examinando a biblioteca, admirando os laços de amizade que encontra junto aos seus anfitriões. Educado por imigrantes ele conhece os valores europeus que os unem e consegue manter distância suficiente para gozar da companhia que eles lhe oferecem, assim como observá-los mantendo devida imparcialidade.

A narrativa de Luís Krausz é impecável. Ao descrever o que o jovem viajante imagina, observa e conclui, usa de tom encantatório, detalhado, inteligente, com observações pertinentes que descrevem não só a experiência como a atmosfera do ambiente; não só as expectativas como os desapontamentos. Além disso, a narrativa é riquíssima em alusões culturais, literárias e musicais que aparecem no texto naturalmente, sem interferência de fluxo ou de simpatia. Gostei até das expressões em hebraico ou iídiche, com respectivas notas de rodapé. Por minha experiência com o inglês americano, repleto de expressões nessas línguas, que expressam conceitos nem sempre encontrados na América, sei que só temos a ganhar com a inclusão dessas palavras. 

Encantada com a voz narrativa de Krausz, li em voz alta para meu marido muitas passagens. Parei em ocasiões, interrompendo o que que ele fazia, com um "olhe só, que maravilha", e lá vinha uma passagem sobre alfaiates em Londres ou uma visita ao Victoria and Albert Museum. Devo ter lido mais de trinta páginas para ele, de um total de cento e cinquenta. É um livro riquíssimo em história, em visões europeias e em cultura ocidental. É uma memória que deleita o leitor e o enfeitiça. Pouca ação. Muita reflexão. Lindo! Absolutamente cativante. Tornou-se um dos meus livros favoritos logo após sua leitura. Recomendadíssimo!

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