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No nosso meio as cartas vinham para a “estacão dos correios” que por sua vez as faziam chegar em princípio por “estafetas” e mais tarde nas “camionetas da carreira” aos postos de distribuição que por norma eram em mercearias. As pessoas sabendo a hora da chegada dessa camioneta, um bocado antes juntavam-se nesse lugar à espera de receberem uma carta a dar notícias dos seus. Há chegada destas, o merceeiro abria a “mala” (assim era chamado o saco que transportava as cartas) e começava a ler em voz alta a quem se destinavam. Cada um ao ouvir o seu nome levantava o braço e apanhava a sua carta, que por vezes não se continha e de imediato a abria procedendo à sua leitura, isto quando o sabia fazer, e ali mesmo muito feliz transmitia às pessoas amigas as boas ou más novas que acabava de receber, fazendo passar assim oralmente essa comunicação.

           Os jornais foram e são também um grande meio de comunicação e S. Jorge no seu passado foi bastante apoiado por estes, mesmo atendendo a que a maior parte das pessoas não sabiam ler e a sua distribuição a nível ilha era muito difícil pela falta de transportes.

           Desde 1871 até 1984 tivemos na nossa ilha trinta e nove jornais. Alguns com duração apenas de meses. Os que tiveram mais tempo de actividade foram de quinze anos. Desses trinta e nove jornais, vinte e três foram no tempo da monarquia e os restantes dezasseis depois da implantação da República, tendo sido vinte e sete com sede nas Velas, um em Santo Amaro, dez na Calheta e um no Topo. De salientar que os jornais com maior duração de edição tiveram a sua redacção na Calheta.

           O telégrafo foi inventado por Samuel Morse em 1835, nos séculos XIX e XX. Foi um importante meio de comunicação. Transmitia mensagens através de fios utilizando principalmente o código Morse. Em 1902 inaugura-se em Portugal as primeiras estações de telegrafia sem fios.

           Tivemos estação telegráfica desde 1901, sendo os primeiros telegramas expedidos no dia 9 de Novembro desse ano. Ao receberem um chamado “telegrama” tinham pessoas que em serviço de estafetas os iam entregar aos destinatários, chegando muitas vezes a irem da Calheta às Velas, ao Topo ou aos Nortes, para fazer essas entregas. O mesmo acontecendo noutros sítios, enfim, tempos difíceis.

O telefone foi inventado por Alexander Bell em 1876. No entanto só chegou ao nosso meio na década de quarenta do século passado e apenas funcionava nas horas de expediente. O primeiro a ser montado foi na “venda”de Jorge Flores de Matos, onde hoje é o estabelecimento de Filipe Cabral, este era o número dois (sendo o número um a estação dos correios) assim seguiram por ordem de instalação, sendo José da Cunha Ribeiro o número três, Domingos de Oliveira o número quatro e assim sucessivamente.

           Na tarde em que se estabeleceram ligações na loja do dito senhor Matos e havendo conhecimento do que ia acontecer, apareceram junto a esta, muitas pessoas. Mais parecia uma festa, tal era a novidade. Na altura já existia o cabo submarino mas as comunicações para o exterior eram ainda muito difíceis.

           Ainda na primeira metade do século passado aparece a rádio uma grande via de comunicação. Na altura com muitas deficiências de captação de som. Na época só havia electricidade na vila, fora desta alguns senhores tinham um moinho movido a vento a que se chamava “aerodínamo”, que carregava uma bateria para alimentar o rádio. As casas destes à noite eram ocupadas por vizinhos parentes e amigos para ouvir “telefonia”, como se dizia na altura. Nessa altura reinava silêncio absoluto. No entretanto aparecem os rádios a pilhas um passo de gigante nesta matéria.

           Segue-se a televisão “a caixinha que mudou o mundo”, outro meio de comunicação que chega até nós em “tempo recorde” em som e imagem. Principia em Portugal a preto e branco em 1957 e nos Açores em 1975 com apenas seis horas de emissão diária, no principio da década de oitenta é a vez da televisão a cores chegar até nós e assim foi evoluindo até ao presente.