Queimadas no Pantanal: causas e impactos no meio ambiente Anim...

Queimadas no Pantanal: causas e impactos no meio ambiente Animais queimados, (1) incêndios e revolta. O relato de um fotógrafo que acompanhou de perto o Pantanal em chamas

Era meu último dia fotografando as queimadas no Pantanal. Saio para pegar o ônibus quase acostumado com o cheiro de fumaça impregnado na roupa, (2) o gosto amargo na boca, (3) os olhos vermelhos e lacrimejando. Ignoro a ardência nos olhos para mantê-los abertos; fico em vigília, atento, câmara na mão.
Do lado de fora, vejo a calamidade. Perto de Poconé (MT), focos de incêndio. A fumaça e velocidade do ônibus atrapalham, mas aperto o olhar e avisto uma cena brutal. O corpo duro e sem vida de uma jaguatirica. Grito para pararem o ônibus e desço para fotografar. O ar é pesado. Os olhos do animal brancos e a língua de fora, como se tivesse tentado sorver o pouco que ainda resta do ar do Pantanal.
O motorista aparece ao meu lado, e falamos baixo, como que em luto. Ele diz que ela não foi atropelada. Morreu fugindo. Abaixo-me no asfalto escolhendo um ângulo que mostre a quantidade de fumaça no caminho que ainda vou seguir. Clico o filhote tentando não mostrar toda a brutalidade que a morte impôs naquele animal tão belo. Eu nunca tinha visto uma jaguatirica. Ainda não vi.
Ninguém quer ver a morte que o fogo traz para o Pantanal tão de perto assim. Eu vi. Vi o fogo e o fim de tudo em um dos biomas mais ricos e lindos do planeta.(...)
O fogo consome tudo ao redor e o barulho é assustador. Os bombeiros — são cinco no local — usam um drone para avaliar a situação, mas a conclusão é a mesma: não há nada a ser feito. É esperar o fogo se cansar do mato e desaparecer debaixo da terra.
O ecoturismo é forte na região e tem como atração espécies endêmicas como a arara azul do Pantanal e o cervo pantaneiro, mas o ecoturismo esbarra no agronegócio e na abertura de pasto para a boiada. É preciso expandir a área do gado. E os brigadistas, inconformados, me contam que, para isso, fazendeiros ordenam que se use o fogo em nas áreas secas com solo rico em metano e matéria orgânica. É o fogo da ganância. Destruição, pra essa gente, é sinônimo de progresso.

Patas queimadas e morte

Cansados de ver os animais sofrendo, guias turísticos, biólogos e veterinários locais se uniram para tentar salvá-los. Um dos resgates foi de uma onça pintada, transferida para Goiás. Eu acompanho o grupo, que me explica que a desidratação — por conta da seca e da falta de água em riachos e lagoas –, a fumaça e o fogo deixam os animais desorientados, fazendo com que passem por áreas em brasa. Com as patas queimadas e morrendo de sede, esses animais sucumbem ao choque da dor. E, sem conseguir se locomover, morrem. (...)
À noite, de volta ao Sesc Pantanal, onde fiquei hospedado, escuto a conversa na mesa ao lado da minha no refeitório. Um dos militares, também alojado ali, não consegue segurar sua revolta e raiva ao comentar o ministro Salles pretendia bloquear a verba destinada para a batalha contra as queimadas na região pantaneira além da Amazônia. “Ele se precipitou, pô.”
Um desgoverno que brinca com os nervos de quem vê a morte todos os dias e vai dormir sabendo que, no dia seguinte, pode ser pego na mudança de direção do fogo e morrer queimado. Foi o caso do Wellington Fernando Peres Silva, brigadista do ICMBio que teve 80% do corpo queimado em uma ação contra os incêndios do Parque Nacional das Emas (GO). (...)
4- A partir da leitura do texto e observação das imagens, JUSTIFIQUE o uso repetido das expressões "Eu vi..." e "eu ainda não vi..."

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