Dentro do elevador. ESOTÉRICA 1: Ah, você sabe, né? A minha t...

Dentro do elevador. ESOTÉRICA 1: Ah, você sabe, né? A minha tia é muito positiva, muito pra cima, muito astral! Áries
com áries! Sabe como é, né?
ESOTÉRICA 2: Nossa! Que força!
ESOTÉRICA 1: Menina, nem te conto! Ela ainda tem mercúrio em escorpião.
ESOTÉRICA 2: Vig! Tem uma amiga de uma amiga minha que também tem mercúrio em escorpião.
ESOTÉRICA 1: Pois é, quando eles colocam uma coisa na cabeça é fogo! Imagina, minha tia disse pra
mim com todas as letras que só aceitou deixar eu fazer o seu mapa por pura curiosidade.
ESOTÉRICA 2: Mas ela não acredita em nada, nada mesmo?
ESOTÉRICA 1: Nada, nadinha de nada!... Então... quando eu estava lendo o mapa dela a campainha
tocou. Minha tia atendeu à porta e um homem disse...
ESOTÉRICA 2: Tadinha, viver sem acreditar em nada deve ser duro, né?
ESOTÉRICA 1: A se deve... Deus me livre!... Então, como eu estava contando: o homem disse: é
um assalto! (...)
ESOTÉRICA 2: Minha nossa!!!
ESOTÉRICA 1:É! Mas como ela tem vênus em conjugação com netuno...
ESOTÉRICA 2: Meu pai também é vênus em conjugação com netuno.
ESOTÉRICA 1: E marte em escorpião...
ESOTÉRICA 2: Que engraçado, totalmente diferente de mim. Eu tenho marte em libra...
ESOTÉRICA 1: Então... não deu outra. (...)
O elevador para.
ESOTÉRICA 2: Chegou. Vamos descer.
As duas saem do elevador e o homem continua subindo. Ele fica bravo porque não conseguiu ouvir
o final da história. [...]
(Luiz Cabral e Ricardo Soares. No olho da rua. Peça encenada em São Paulo em 1997.)

05 – Comparando a estrutura do texto que você acabou de ler com a dos textos narrativos, observamos
que ele se constrói de uma forma diferente. Como não há um narrador que conduz o enredo, de que
forma, então, tomamos conhecimento da história? Qual é função dos trechos escritos em letra de
tipo diferente no texto em estudo?