A literatura em perigo A análise das obras feitas na escola nã...
A literatura em perigo A análise das obras feitas na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico, quando, então os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras - pois postulamos ... demandam uma reflexão dessa dimensão.
O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os "métodos" são bons desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. ( ...)
( ...) Sendo o objetivo da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não só um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor peparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajudaria mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.
Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciando desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. "É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura", escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.
(Tzvetan Todorov. A Literatura em Perigo. 2 ed.
Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? Esta questão levantada por Todorov, no contexto do terceiro parágrafo, significa:
Escolha uma opção:
a. A leitura das obras desses autores, que focalizam admiravelmente o homem e o humano, seria de excepcional utilidade para os estudantes de relações humanas.
b. O conhecimento enciclopédico desses autores, manifestado em suas obras, equivale a um verdadeiro curso.
c. Por se tratar de autores de nacionalidades e épocas diferentes, a leitura de suas obras traz conhecimentos importantes sobre seus respectivos países.
d. Esses autores escreveram com a intenção fundamental de passar ensinamentos para seus contemporâneos e a posteridade.
O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os "métodos" são bons desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. ( ...)
( ...) Sendo o objetivo da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não só um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor peparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajudaria mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.
Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciando desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. "É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura", escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.
(Tzvetan Todorov. A Literatura em Perigo. 2 ed.
Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? Esta questão levantada por Todorov, no contexto do terceiro parágrafo, significa:
Escolha uma opção:
a. A leitura das obras desses autores, que focalizam admiravelmente o homem e o humano, seria de excepcional utilidade para os estudantes de relações humanas.
b. O conhecimento enciclopédico desses autores, manifestado em suas obras, equivale a um verdadeiro curso.
c. Por se tratar de autores de nacionalidades e épocas diferentes, a leitura de suas obras traz conhecimentos importantes sobre seus respectivos países.
d. Esses autores escreveram com a intenção fundamental de passar ensinamentos para seus contemporâneos e a posteridade.
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Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras.
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