África, o berço da humanidade A importância do estudo da Áfric...

África, o berço da humanidadeA importância do estudo da África para a história universal da humanidade
O historiador francês Jacques Le Goff afirmou que o historiador tem de ser dotado de grande capacidade de imaginação e que esta “foi sempre o húmus do jardim de Clio”. Nessa perspectiva, produzir o conhecimento histórico se assemelha a uma espécie de adivinhação do passado. Mas a construção do conhecimento não acontece de maneira aleatória, e sim a partir da análise e interpretação de diferentes fontes históricas. Portanto, podemos dizer que o conhecimento está em permanente construção, já que novos indícios, ou mesmo interpretações diferentes, podem traçar novos panoramas.
As fontes priviligiadas do historiador têm sido tradicionalmente as escritas. Mas é enorme a variedade de fontes possíveis de serem usadas no trabalho de “imaginar o passado”.
No caso da África, a importância dessas fontes diferenciadas é fundamental, pois a maioria dos povos não usava a escrita, especialmente em períodos mais distantes no tempo. Podemos dizer que os povos africanos eram culturas “da palavra falada”. Mesmo quando havia possibilidade de se usar a escrita, ela era relegada a um plano secundário, pois o que predominava era a tradição oral.
Temos textos que se referem à Etiópia, ao Sudão influenciado pelos árabes, às cidades-Estado da orla do Índico e do mar Vermelho e poucas outras regiões. As fontes escritas de origem islâmica, em relação às demais, são abundantes e ricas em conteúdo. Mas temos outras bem mais antigas, como textos bíblicos, gregos, bizantinos e até chineses. Documentos escritos de várias procedências e épocas referentes à África foram encontrados no Irã, no Iraque, na Armênia, na Índia, na China e na América. Todavia, essas fontes escritas estão mal distribuidas no tempo e no espaço.
Mesmo quando temos fontes escritas, os textos geralmente estão impregnados de lendas, exigindo uma grande habilidade interpretativa.
Por todas essas razões a arqueologia tem um papel fundamental para o estudo do passado africano, não apenas no período convencionalmente chamado Pré-História. Os objetos e as imagens de cerâmica, bronze, latão, madeira e pedra deixados por esses povos são os testemunhos objetivos dessas culturas. Mas os trabalhos arqueológicos no continente ainda são poucos diante do muito que ainda pode ser feito.
Dessa forma os documentos escritos, a arqueologia e a tradição podem e devem ser usados em conjunto, pois cada uma dessas fontes ajuda a entender as outras. A arqueologia recupera objetos mais eloquentes do que os documentos escritos. Esses objetos, pela sua natureza, fornecem informações evidentes e irrecusáveis. São indicadores de civilização, pois revelam conhecimentos e técnicas referentes à metalurgia, à cerâmica, ao trabalho com vidro, à navegação, à pesca e à tecelagem.
A tradição oral é a mais carregada de autenticidade. Por mais útil que seja, o texto é o fato congelado. Mas a tradição está viva na voz de quem narra histórias de tempos remotos, e o passado torna-se funcional, incorporando-se ao presente.
A importância da tradição como fonte histórica está mais do que provada nos dias atuais, principalmente quando essa tradição é confrontada com as fontes arqueológicas e escritas.

Atividade no caderno
1) Todo conhecimento histórico depende de fontes. Formule uma definição para fonte histórica.
2) Quais são as fontes históricas citadas no texto? Qual delas vocês avaliam como mais significativa e importante? Por quê?
3) O texto aponta as vantagens das fontes arqueológicas e da tradição oral sobre a escrita. Quais seriam essas vantagens?
4) No caso da história africana, o uso da tradição oral como fonte histórica é fundamental. Por quê?
5) Escolha uma fonte histórica e pesquisem os métodos utilizados por historiadores, antropólogos e paleontólogos para a análise do tipo de fonte escolhido