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Kailanerayssa

resposta:Em julho de 2020, Anthony Tommasini, principal crítico de música clássica do The New York Times, escreveu um artigo chamado Fim dos testes cegos é solução para levar diversidade a orquestras, traduzido no mês seguinte pela Folha de S.Paulo. Quando li o título, pensei que fosse ironia. Enquanto lia o artigo, ainda achava que o autor estivesse desenvolvendo uma ideia com a qual não concordava, fazendo uma espécie de argumentação-embuste para testar a aceitação do público sobre um despropósito, com intenção de, mais tarde, revelar a estratégia. Não era ironia nem embuste. Tommasini acha mesmo que testes cegos devem acabar na contratação de integrantes das orquestras com a finalidade de torná-las mais diversas racialmente.

Testes cegos são adotados por muitas orquestras – e por outros ramos do mundo da música, como a primeira seleção do programa The Voice – para que o perfil do candidato não sugestione a escolha do contratador, que deveria se pautar pela qualidade. Sem eles, um avaliador pontual que não percebe seu sutil racismo ou sexismo pode deixar de contratar uma pessoa competente em prol de outro candidato menor porque foi influenciado pela aparência. Portanto, testes cegos surgiram para fazer justiça ao mérito. Se meu avaliador não vê minha cor, meu gênero, minha beleza/feiura, minha indumentária ou se estou em cadeira de rodas, ele será obrigado a me julgar apenas pela minha habilidade e capacitação.

Seria benéfico se em outras áreas da vida profissional e estudantil fosse possível aplicar esses testes que primam pela qualidade e desencorajam que características geralmente irrelevantes para os fins da contratação tenham peso. A maioria dos concursos públicos, de certa forma, funciona como teste cego, assim como os vestibulares no Brasil: a seleção é feita puramente pelo domínio de conhecimentos dos assuntos da prova. (Em outro momento voltarei a esse tema, que tem nuances: teste cego não é panaceia.)

Estudos de psicologia social mostram que certas características estéticas podem dar vantagem na seleção de emprego, como é o caso do favorecimento das pessoas bonitas (lookism). Isso não acontece de maneira descomunal – é algo que se percebe mais quando se avaliam estatísticas de contratação –, então o fenômeno não é gritante. Para minar o pouco dele que ocorre, defende-se a adoção de testes cegos.

Mas Tommasini constata que tais testes não conseguem tornar orquestras estadunidenses diversas do ponto de vista racial. Então, em vez de propor que existam políticas públicas para melhorar o nível educacional das comunidades onde muitas pessoas negras estão – comunidades onde o tipo de música que se toca em orquestras é ainda mais raro de ser apreciado do que no restante da sociedade –, o crítico do NYT propõe a abolição dos testes cegos. Ele diz:

“[…] a transformação não foi suficiente. As orquestras americanas ainda figuram entre as instituições com menos diversidade racial do país, sobretudo [considerando] músicos negros e latinos. Um estudo de 2014 revelou que apenas 1,8% dos músicos das maiores orquestras eram negros e apenas 2,5%, latinos.”

E depois:

“O status quo não está funcionando. Para que a situação mude, as orquestras precisam poder adotar medidas proativas para combater o desequilíbrio racial enorme ainda existente em suas fileiras. Os testes cegos não podem continuar.”

Tommasini alega que a prática pode ser bem-intencionada, mas é restritiva, e que os sindicatos que a defendem não percebem o quanto ela faz mal para os próprios sindicatos, para as orquestras e para a música. O que importa agora é que as orquestras sejam “relevantes para suas comunidades”, palavras dele, e reparem desigualdades sociais.

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