1)Leia o texto abaixo, do historiador Jacques Le Goff –Livro H...
1)Leia o texto abaixo, do historiador Jacques Le Goff –Livro História e Memória:A distinção entre passado e presente é um elemento essencial da concepção do tempo. É, pois, uma operação fundamental da consciência e da ciência históricas. Como o presente não se pode limitar a um instante, a um ponto, a definição da estrutura do presente, seja ou não consciente, é um problema primordial da operação histórica. A definição do período contemporâneo nos programas escolares de história é um bom teste para esta definição do presente histórico. Ela é reveladora, para os Franceses, do lugar desempenhado pela Revolução Francesa na consciência nacional, pois na França a História Contemporânea começa oficialmente em 1789. Pressentem-se todas as operações, conscientes ou inconscientes, que esta definição do corte passado/presente supõe, a nível coletivo. Reencontramos cortes ideológicos deste tipo na maior parte dos povos e das nações. A Itália, por exemplo, conheceu dois pontos de partida do presente que constituem um elemento importante consciência histórica dos italianos de hoje: o Renascimento e a queda do fascismo [Romano, 1977]. Mas esta definição do presente, que é, de fato, um programa, um projeto ideológico, defronta-semuitas vezes com o peso de um passado muito mais complexo. Gramsci escreveu sobre as origens do Renascimento: "Na Itália, a tradição da universalidade romana e medieval põe entraves ao desenvolvimento das forças nacionais (burguesas), para além do domínio[pg. 204] puramente econômico-municipal, isto é, as "forças" nacionais só se tomam uma "força" nacional depois da Revolução Francesa e da nova posição que o papado ocupa na Europa [1930-32, pp. 589-90; cf. Galasso, 1967]. A Revolução Francesa (tal como a conversão de Constantino, a Hégira ou a Revolução Russa de 1917) torna-se, primeiro, numa fronteira entre passado e presente e, em seguida, entre um antes e um depois. A observação de Gramsci permite avaliar em que medida a relação com o passado, a que Hegel chamava o "fardo da história", é mais pesada para uns povos, que para outros [Le Goff, 1974]. Mas a ausência de um passado conhecido e reconhecido, a míngua de um passado, pode também ser fonte de grandes problemas de mentalidade ou identidade coletivas: é o caso das jovens nações, principalmente das africanas [Assorodobraj, 1967]. Os Estados Unidos constituem um caso complexo, onde se combinam a frustração de um passado remoto, as diferentes contribuições, por vezes opostas, dos vários tipos de população pré-americana (principalmente européia), os diversos componentes étnicos da população norte-americana, em que a exaltação dos acontecimentos relativamente recentes da história americana (Guerra da Independência, Guerra da Secessão, etc.) são hipostasiados num passado mitificado e, conseqüentemente, estão sempre ativamente presentes enquanto mitos [Nora, 1966].Os hábitos de periodização histórica levam, assim, a privilegiar as revoluções, as guerras, as mudanças de regime político, isto é, a história dos acontecimentos. Encontramos este problema a propósito das novas relações entre passado e presente, que a chamada "nova" história procura hoje estabelecer. Por outro lado, a definição oficial, universitária e escolástica da História Contemporânea, em algunspaíses, como a França, obriga-nos atualmente a falar de uma "História do presente" para falar do passado mais recente, o presente histórico [Nora, 1978]. A distinção passado/presente que aqui nos ocupa é a que existe na consciência coletiva, em especial na consciência social histórica. Mas torna-se necessário, antes de mais nada, chamar a atenção para a pertinência desta posição e evocar o par passado/presente em outras perspectivas, que ultrapassam as da memória coletiva e da História. [pg. 205] ATIVIDADES 1)Com base no texto responda as seguintes questões:a) O que o autor quer dizer quando refere-se ao conceito de presente como um projeto ideológico. Relacione com o passado. b) A ausência de passado pode ser problema para algumas nações? Cite exemplo. c) Quais fatos históricos a periodização privilegia? d) O que de fato deve se ocupar o estuda da História hoje?
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1)A
A divisão e a luta de classes, as quais, no capitalismo, estabelecem desigualdades e relações de antagonismo e de exploração.
2)A
Foram marcos políticos e ideológicos, inspirando, a primeira, as revoluções até 1917, e a segunda, os movimentos socialistas até a década de 1970.
3)B
Revolução Industrial, no século XVIII, a industrialização em massa, no século XIX, e a revolução da tecnologia da informação, na segunda metade do século XX.
4)A
A ditadura militar perdurou por 21 anos, período em que a censura tirou a liberdade de expressão do povo brasileiro. Sucederam-se no poder cinco presidentes eleitos indiretamente pelo Congresso Nacional ou pelo Colégio Eleitoral, todos marechais ou generais do Exército.
A divisão e a luta de classes, as quais, no capitalismo, estabelecem desigualdades e relações de antagonismo e de exploração.
2)A
Foram marcos políticos e ideológicos, inspirando, a primeira, as revoluções até 1917, e a segunda, os movimentos socialistas até a década de 1970.
3)B
Revolução Industrial, no século XVIII, a industrialização em massa, no século XIX, e a revolução da tecnologia da informação, na segunda metade do século XX.
4)A
A ditadura militar perdurou por 21 anos, período em que a censura tirou a liberdade de expressão do povo brasileiro. Sucederam-se no poder cinco presidentes eleitos indiretamente pelo Congresso Nacional ou pelo Colégio Eleitoral, todos marechais ou generais do Exército.
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