Texto 1: Trecho da carta de José de Anchieta ao general P. Dio...

Texto 1: Trecho da carta de José de Anchieta ao general P. Diogo Laínes, Roma (carta sobre as coisasnaturais de São Vicente).

São Vicente, 31 de maio de 1560

“E o mais admirável é que os índios, então entretidos em seus beberes e cantares (como costumam), sem
nenhum temor a tamanha confusão das coisas, não deixam de danar nem de beber, como se estivesse
tudo no maior sossego. Mas vou dizer outra coisa, que V. P. julgará se é mais digna de lástima, ou de
riso, e talvez deplore a cegueira e zombe da loucura. Não eram passados muitos dias depois destas
coisas, vindo a uma aldeia de índios um padre e eu trazer o remédio da alma e do corpo a um doente,
achamos um feiticeiro de grande fama entre os índios.
Exortámo-lo a que deixasse as suas mentiras e reconhecesse a um só Deus, Criador e Senhor de todas as
coisas; depois de longa (digamos assim), disputa, ele disse: “Também eu conheço a Deus e o Filho de
Deus, e há pouco, mordendo-me o meu cão, mandei chamar o Filho de Deus que me trouxesse remédio e
ele veio logo, e, irado contra o cão, trouxe consigo aquela impetuosa ventania, que derrubou os matos, e
me vingou do mal que o cão fizera”. Isto disse ele. E respondendo-lhe o padre “mentes”, as mulheres já
cristãs, que ai estavam e a quem ensinamos, não puderam conter o riso, escarnecendo da loucura do
feiticeiro”1
.

Texto 2: Artigo da Revista de História da Biblioteca Nacional sobre o jesuíta Antônio Vieira (1608-1697),
feito pelo historiador Ronaldo Vainfas.

“Vieira também adorava se meter em confusões. E isso não faltou nos oito anos em que permaneceu no
norte do Brasil como Superior das missões. Antes de tudo, havia a própria dificuldade na montagem dos
aldeamentos e a doutrinação cristã. Os jesuítas tinham de partir praticamente do zero, pois as tentativas
anteriores terminaram em tragédia. Padre Francisco Pinto (1552-1607), um corajoso jesuíta que pregava
imitando os pajés, ganhando fama de feiticeiro, caiu prisioneiro dos tapuias tocarijus, em 1609, e morreu
trucidado. Outros missionários tiveram destino semelhante. [...]
Na verdade, Vieira não tinha nenhuma empatia pelo modo de vida indígena, qualquer que fosse a nação:
tabajaras, potiguaras, tocarijus, jurunas, pajaís, arnaquizes e muitos outros que citou em seus relatórios
e cartas. Detestava, em especial, um grupo genericamente chamado de nheengaíbas, falantes de várias
línguas, que viviam na Ilha de Marajó. Eram os mesmos que tinham trucidado o padre Luís Figueira em
1643. Esses índios, que pertenciam ao tronco arawak, moviam guerra incessante contra colonos e
padres, rejeitando a missão. [...]
O grande amor que sentia pelos índios, e recomendava aos missionários de campo, era um amor
abstrato, nada mais que a caritas (caridade) recomendada pelos apóstolos. Talvez por isso, mais do que
por sua atuação doutrinária, ficou conhecido entre os índios como Paiaçu (“Pai Grande”).
Os índios aldeados, pelo menos esses, compreenderam perfeitamente que Vieira, do seu jeito, lutava por
eles”2
.
1Texto retirado de: . p.26-
27.
2Texto retirado de: .

Questões para refletir, analisar e responder:

1) De acordo com o Texto 1, como José de Anchieta representava os povos nativos da América
Portuguesa?
2) Quais eram os principais objetivos religiosos de Anchieta? Ele conseguiu cumprir esses objetivos?
Justifique a sua resposta e utilize trechos da carta do jesuíta Anchieta.
3) O que há de semelhante no modo como José de Anchieta e Antônio Vieira viam e lidavam com
indígenas? Por que você acha que existia essa semelhança?
4) Quais estratégias os padres jesuítas utilizavam para poder catequisar os povos nativos da América
Portuguesa?
5) Os indígenas se tornaram todos católicos com a chegada dos missionários jesuítas no Brasil? Por quê?

6) As missões religiosas dos jesuítas sempre funcionaram? O que contribuiu para o sucesso ou fracasso
das missões?

Instruções Devolutivas da atividade:

1 Resposta

Ver resposta
Maria Alice Aguiar

Explicação:

Questão 1  

resposta: Via como povo sem cultura, assim quis os evangelizar, partindo do princípio que já que não tinham cultura, ia ser fácil os indígenas aceitar a cultura que ele impôs.

Questão 2

resposta: Uma vida direcionada para o ensino e o sacerdócio. É assim que podemos resumir a trajetória do Padre José de Anchieta, nascido no dia 19 de março de 1534, na cidade de Tenerife, nas Ilhas Canárias. Tendo em sua origem a ascendência nobre pela parte do pai e judaica pelo lado materno, Anchieta foi levado para Portugal para que tivesse formação intelectual e não sofresse as bem mais intensas perseguições do Tribunal do Santo Ofício instalado em terras espanholas.

A sua ida para os domínios lusitanos aconteceu quando tinha 14 anos de idade, mesma época em que estudou filosofia no Colégio das Artes pertencente à Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, ingressou na Companhia de Jesus para dessa forma participar no processo de expansão do cristianismo em terras americanas. Ao ingressar nesse “exército da fé”, exerceu inicialmente a tarefa de celebrar várias missas ao longo de um mesmo dia.

Sua vida agitada e a entrega total aos afazeres religiosos comprometeram a sua saúde, reclamava constantemente de dores na coluna e nas articulações. Obedecendo ao conselho dos médicos da época, Padre Anchieta veio para o Brasil acompanhando a esquadra que trouxe o governador-geral Duarte da Costa, em 1553. Já no primeiro ano instalado no ambiente colonial, o devotado clérigo participou da fundação do primeiro colégio de São Paulo de Piratininga.

Outra interessante ação tomada por Padre Anchieta ao chegar às terras brasileiras está relacionada ao seu interesse em conhecer mais profundamente a língua dos nativos. Com o auxílio do Padre Aspicuelta, aprendeu os primeiros termos e expressões do “abanheenga”, língua compartilhada por índios tupis e guaranis. Em pouco tempo, percebeu que as línguas faladas por várias tribos tinham uma mesma raiz formada por aspectos semânticos, gramaticais e vocabulares em comum.

Questão 3

resposta: a educação dos índios era baseada nas relações afetivas entre os membros da tribo: os mais jovens conviviam e imitavam os mais velhos, mais experientes. Já os pequenos ficavam aos cuidados das mulheres que ofereciam proteção, segurança e alimentação.

( ainda estou resolvendo as outras 3 questões , mas logo irei responde-las e mandar elas aqui )

Sua resposta
Ok

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