Leia o texto e responda. “Doze mil quilômetros separam Acra, a...

Leia o texto e responda. “Doze mil quilômetros separam Acra, a capital de Gana, do Vale do Silício, Califórnia, Estados Unidos, centro da revolução tecnológica do século XXI. Há, no entanto, outra distância maior do que a geográfica. Acra e o Vale do Silício estão no extremo de um ciclo de vida. Computadores, tablets e celulares nascem da cabeça de nerds sob o sol californiano e morrem e são decompostos no distrito de Agbogbloshie, periferia africana.

Densamente povoada por migrantes do norte do país e por imigrantes da Costa do Marfim, do Togo e de Burkina Fasso, Agbogbloshie carece de infraestrutura. Não há saneamento básico, pavimentação nas ruas ou áreas de lazer. Restos de madeira, plástico e metal formam a precária estrutura das casas. Nada mais parecido com qualquer favela de qualquer país pobre do mundo, não fosse um fato: um certo toque de ficção científica acrescentado à paisagem pelas montanhas de carcaças de computadores, tevês, fotocopiadoras, DVDs e celulares, como em uma aventura distópica de Philip K. Dick. Os ‘cadáveres’ chegam diariamente em caminhões vindos da região portuária da cidade e transformam Agbogbloshie em um dos maiores lixões de eletroeletrônicos do planeta.

O cemitério permitiu o florescimento de um mercado paralelo e informal. Mais de 30 mil africanos de diferentes idades, crianças incluídas, ocupam-se de duas atividades, do conserto e venda de eletrônicos que ainda podem ser recuperados ou da extração de metais valiosos do entulho, entre eles prata, aço e cobre. [...]

Expostos a diversos tipos de riscos e doenças associadas ao lixo eletroeletrônico, os trabalhadores executam as atividades desprovidos de equipamentos de proteção, e muitos trabalham sem camisa e descalços. O maior risco vem da inalação de substâncias tóxicas que derivam da queima de fios de plástico, técnica utilizada para extrair o minério de cobre em seu interior. Além de interferir na saúde respiratória dos trabalhadores, a queima de lixo eletrônico contamina alimentos comercializados nos mercados da região, pois a fumaça carrega diferentes metais pesados, além do dióxido de carbono, facilmente depositados nas cascas de frutas e verduras expostas ao ar livre. [...]

A maioria das carcaças eletrônicas de Agbogbloshie chega da Europa e da América do Norte. Sua liberação nos portos de Gana justifica-se por acordos comerciais cujo propósito, em tese, é ampliar o acesso da tecnologia aos desfavorecidos em países subdesenvolvidos. Em outras palavras, um europeu dono de um computador velho em casa, quebrado ou não, pode enviar o equipamento a algum país africano baseado no altruísta objetivo de propiciar acesso ao ‘mundo digital’ a negros e mulatos pobres das periferias. É uma dupla limpeza: da casa propriamente dita e da consciência. ” (LOPES, Kauê. O lixão pontocom da África. Carta Capital, 4 abr. 2015. Disponível em: . Acesso em: jan. 2016.)

1. A alternativa que não apresenta problemáticas relatadas pelo texto.

a) Pobreza e desigualdade social.

b) Trabalho escravo e trabalho infantil.

c) Consumismo e produção de lixo eletrônico.

d) Relação de dominação entre países ricos e pobres e poluição do meio ambiente.

e) Fome e alto índice de mortalidade infantil.

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