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Qual é a semelhança entre o terraplanismo e a disseminação das fake news?

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mos, por exemplo, num advogado que se interessasse pelos mistérios do cosmos.A despeito do seu interesse diletante no tema, jamais stenha - ou, o que é mais grave, não tenha vontade de o ter!

Como dizem Dardot e Laval, "o neoliberalismo é precisamente o desenvolvimento da lógica do mercado como lógica normativa generalizada, desde o Estado até o mais íntimo da subjetividade", razão pela qual "muitos psicanalistas dizem receber no consultório pacientes que sofrem de sintomas que revelam uma nova era do sujeito. Esse novo estado subjetivo é frequentemente referido na literatura clínica a amplas categorias, como a ´era da ciência` ou o ´discurso capitalista`."(1)

A consequência é que "as pessoas alteram seu comportamento porque pagamentos regulares e grande capacidade de crédito lhes dá acesso à mais extraordinária gama de escolhas, de roupas e restaurantes, a viagens de volta ao mundo. O controle social passa a localizar-se não apenas na performance no trabalho, mas no status financeiro", levando com que as pessoas sejam tratadas "como mercadorias, como coisas e como essências."(2)

O neoliberalismo atinge a todas as esferas do viver e do conviver. E o faz de uma maneira tão nociva que contamina a todos, ainda que a grande maioria sequer se dê conta do desastre que, mais cedo ou mais tarde - ou agora! - ocorrerá.

Há no mundo, e no Brasil não poderia se dar o oposto, o que Milton Santos chamava de "uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos - a competitividade", permitindo "a emergência de um lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica", "produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais."(3)

Sem dúvidas, "o modelo de desenvolvimento neoliberal, dada a sua maior dependência dos mercados e do setor privado, exige um marco jurídico para o desenvolvimento que fomente o comércio, os investimentos e o lucro."(4)

Ora, asfake news florescem apenas pela existência de um cenário (neoliberal) em que é mais importante estar certo, do que saber o certo. É mais importante ser o primeiro a passar adiante a notícia, em "lacrar", do que analisar a veracidade do que se está lendo, especialmente quando isso só se dará a partir do acesso e validação por parte do outro.

Não há análise por pares sobre as fake news, ou seja, não há sujeitos que as analisem e validem a partir dos modos naturais de construção do conhecimento, da cultura e da arte. Sua validação parte do movimento de rebanho, em que ela apenas se torna verdadeira por ser recebida como uma bandeira que agrada a quem a envia e com isso recebe a validação emocional, não de conhecimento, dos demais integrantes da sua bolha.

Pensando em Byu-Chul Han, filósofo sul-coreano, "a sociedade do cansaço" nos impede de buscar a verdade, e "a sociedade da transparência" leva-nos a expor tudo que pudermos, independentemente da verdade, porque parece haver um sentimento de que a verdade será, tão somente, o que for gritado mais alto por uma alienada maioria.

Para ele, desde uma visão patológica, este século, ao contrário de outros anteriores, "não é definido como bacteriológico nem viral, mas neuronal." A doença do século é outra, talvez mais difícil de diagnóstico e, sobretudo, de tratamento. A cura, quase impossível.

Han, lembrando o genial Foucault, afirma que a "sociedade disciplinar" do filósofo francês, "feita de asilos, presídios, quartéis e fábricas", transformou-se em uma outra sociedade, "a saber, uma sociedade de academias de fitness, prédios de escritórios, bancos, aeroportos, shopping centers e laboratórios de genética." Uma "sociedade de desempenho", cujos habitantes não são os outrora obedientes, "mas sujeitos de desempenho e produção, empresários de si mesmos."

Enquanto a sociedade disciplinar gerava "loucos e delinquentes", esta, ao contrário, "produz depressivos e fracassados", onde o que prevalece é "o desejo de maximizar a produção", substituindo-se o "paradigma da disciplina" pelo "paradigma do desempenho." Assim, ele identifica "o imperativo do desempenho como um novo mandato da sociedade pós-moderna do trabalho."

Na sociedade disciplinar, cujo inconsciente social baseava-se no dever, o homem é "o sujeito da obediência." Hoje, na sociedade de desempenho, cujo inconsciente social é "o desejo de maximizar a produção", o homem passou a ser "o sujeito de desempenho, mais rápido e mais produtivo." O homem passa a ser um "animal laborans", preso a uma verdadeira "auto exploração" agudizada pelo "excesso de trabalho e desempenho." É "hiperativo e hiperneurótico."

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