A fábula do Cuidado Não é de hoje que a essência do cuidado e...

A fábula do Cuidado Não é de hoje que a essência do cuidado e suas peculiaridades é motivo de interesse entre os estudiosos da vida humana. Na antiguidade já se falava no cuidado com uma lucidez impressionante.
Um sábio perspicaz do norte do Egito chamado Higino (I séc. a.C.), com sua inteligência e inquietação para conhecer os mistérios das espécies vivas e das coisas do mundo como um todo, reelaborou a fábula-mito do cuidado - que é de origem grega - nos termos da cultura romana, segundo Boff. Assim nascia a fábula-mito sobre o cuidado, uma obra literária que até hoje mexe com o nosso imaginário e sem muita pretensão explica a relação íntima que desde sempre existiu entre o cuidado e a espécie humana.
A fábula do cuidado é exemplar para um melhor entendimento da relação do humano com o cuidado e especialmente do humano com a natureza. Higino se utiliza de figuras mitológicas em sua narração para explicar o sentido do cuidado para a vida humana. Vamos agora, de acordo com a interpretação de Boff, analisar essa fábula-mito que dá suporte ao nosso estudo.
“Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma ideia inspirada. Tomou um pouco do barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.
Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.
Quando, porém, Cuidado quis dar nome á criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome.
Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra.

Originou-se então uma discussão generalizada.
De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:
Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura.
Você, terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer.
Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver.
E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: essa criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil‟.” (BOFF. p. 46).
O primeiro ensinamento que tiramos da fábula de Higino é que o cuidado é anterior ao homem. É ele que inicia a formação do ser humano e o acompanha por toda a vida. Mas, na constituição do homem também existe o espírito, o qual é dado pelo divino (Júpiter - céu), assim como existe o corpo, dado pela terra (Tellus).
E para orientar, no tempo e na história, esse corpo e esse espírito, acompanhado de Cuidado, chamado homem é necessário um deus sábio e justo como Saturno. “O ser humano é, simultaneamente, utópico e histórico-temporal. Ele carrega em si a dimensão Saturno junto com o impulso para o céu, para a transcendência. Nele revela também o peso da terra, da imanência. É pelo cuidado que ele mantém essas polaridades unidas e faz delas material da construção da sua existência no mundo.” BOFF. Leonardo. Saber cuidar: ética do humano - compaixão pela terra. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
Responda as questões a partir do texto “A phisis revisitada: a fábula do cuidado” 1. Qual a lição moral que você tira do texto?
2. Agora, leia o texto “O cuidado essencial”, de Leonardo Boff, novamente com bastante atenção. Escreva com suas palavras o entendeu do texto.
3. O texto 1, “A fábula do cuidado”, pode ser considerado uma narrativa mítica. Cite elementos do texto que comprovem essa afirmação.
4. No texto 2 (O cuidado essencial), o autor revela valores que são fundamentais para a nossa vida. Cite pelo menos 3(três) desses valores pelos quais você poderá se espelhar.
5. Quais os “cuidados” que você costuma tomar consigo mesmo e com as pessoas com as quais você convive no seu dia a dia?
6. O que você entende por mito? Qual a importância do mito na origem da Filosofia

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