Pela rua Ferreira Gullar Sem qualquer esperança Detenho-me

Pela rua Ferreira Gullar Sem qualquer esperança Detenho-me diante de uma vitrina de bolsas na Avenida de Nossa Senhora de Copacabana, domingo, enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro. Sem qualquer esperança te espero. Na multidão que vai e vem entra e sai dos bares e cinemas surge teu rosto e some num vislumbre e o coração dispara. Te vejo no restaurante na fila do cinema, de azul diriges um automóvel, a pé cruzas a rua miragem que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios e se esvai nas nuvens. A cidade é grande tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só. Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando, talvez na rua ao lado, talvez na praia talvez converses num bar distante ou no terraço desse edifício em frente, talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes, misturada às pessoas que vejo ao longo da avenida. Mas que esperança! Tenho uma chance em quatro milhões. Ah, se ao menos fosses mil disseminada pela cidade. A noite se ergue comercial nas constelações da avenida. Sem qualquer esperança continuo e meu coração vai repetindo teu nome abafado pelo barulho dos motores solto ao fumo da gasolina queimada. GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950–1999). 9. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. P. 177. A palavra‑chave da segunda estrofe do é miragem. Outras expressões e frases do poema sugerem a mesma sensação visual, como, no verso: A "enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro " B "surge teu rosto e some num vislumbre" C "misturada às pessoas que vejo ao longo da avenida " D "Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando"

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