Origem, nascimento e batizado Era no tempo do rei. Uma das qua...

Origem, nascimento e batizado Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava- -se nesse tempo — O canto dos meirinhos— ; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo. Daí sua influência moral. Mas tinham ainda outra influência, que é justamente a que falta aos de hoje: era a influência que derivava de suas condições físicas. Os meirinhos de hoje são homens como quaisquer outros; nada tem de imponentes, nem no seu semblante nem no seu trajar, confundem se com qualquer procurador, escrevente de cartório ou contínuo de repartição. Os meirinhos desse belo tempo não, não se confundiam com ninguém; eram originais, eram tipos, nos seus semblantes transluzia um certo ar de majestade forense, seus olhares calculados e sagazes significavam chicana. Trajavam sisuda casaca preta, calção e meias da mesma cor, sapato afivelado, ao lado esquerdo aristocrá­ tico espadim, e na ilharga direita penduravam um círculo branco, cuja significação ignoramos, e coroavam tudo isto por um grave chapéu armado. [. ] Mas voltemos à esquina. Quem passasse por aí em qualquer dia útil dessa abençoada época veria sentado em assentos baixos, então usados, de couro, e que se denominavam — cadeiras de campanha — um grupo mais ou menos numeroso dessa nobre gente conversando pacificamente em tudo sobre que era lícito conversar: na vida dos fidalgos, nas n otícias do Reino e nas astúcias policiais do Vidigal. [. ] ALM EIDA, M anuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: A teliê Editorial, 2003. P. 65-67. (Fragmento). 1. A) "Era no tempo do rei. " Qual é a intenção do narrador ao oferecer a seus leitores essa informação? b) A que momento da história do Brasil o texto faz referência? 2. Para caracterizar a vida no tempo do rei, o narrador escolhe personagens que desempenham uma função específica na sociedade. Que função é essa? A importância dada a essa função contribui para sugerir que a sociedade brasileira da época começava a ter a organização própria dos grandes centros urbanos. Explique por quê. 3. Releia o último parágrafo. As conversas dos meirinhos sugerem que a vida na cidade era tranquila ou agitada? Por quê? O narrador escolheu os meirinhos para começar a contar sua história, que falará sobre o "tempo do rei". De que modo essas personagens podem ajudá-lo a realizar esse objetivo? 4. O quadro de Taunay podería ser usado como uma ilustração para o trecho que você acabou de ler? Justifique.

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